quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Biografia


          POR SALVADOR MATA E SILVA

Belarmino de Mattos, jornalista, desportista, Capitão da Guarda Nacional, gráfico, fundador de vários jornais, de várias associações e diretor de jornal. Filho de Belarmino José de Mattos e Sebastiana Custódia de Mattos, nasceu em 21 de abril de 1891, na localidade de Dendê, Primeiro Distrito de Itaboraí e faleceu em São Gonçalo em 17 de abril de 1970.
Em 1893, então com a idade de 2 anos, veio para São Gonçalo.
Estudou as primeiras letras em São Gonçalo e terminou o curso primário em 1903, com distinção. Em 1911 concluiu no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro o Curso de Artes Gráficas.
Em 1904 começa a trabalhar como boy na cidade do Rio de Janeiro. No ano de 1909 trabalhou no semanário “O Futuro”, jornal de São Gonçalo que deixa para empregar-se novamente no Rio de Janeiro como gráfico na Rua do Lavradio.
Retorna a São Gonçalo em 1913, quando funda a “Gazeta de São Gonçalo”
Em 1919 foi nomeado para o posto de Capitão da Guarda Nacional, pelo presidente da República Epitácio Pessoa.
“Faço saber aos que esta Carta Patente virem por Decreto de 18 de janeiro de 1919, foi nomeado Belarmino de Mattos, Capitão da Segunda Companhia do 169º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, da Comarca de Niterói, do Estado do Rio de Janeiro e como tal gozará de todas as honras e direitos inerentes ao posto.  Assinado: Epitácio Pessoa – Presidente da República e Pandiá Calógeras – Ministro da Guerra.”
Casa-se em 1915 com Concórdia Fontes da Silva, que havia conhecido em dezembro de 1913 na festa de São Miguel, em São Gonçalo. Desse casamento nasceram Irene de Mattos, Aluísio Belarmino de Mattos, Sylvio de Mattos, César Augusto de Mattos e Luiz de Mattos.
Foi fundador em 1916 do Tiro de Guerra 555 e em 1917, da União dos Varejistas (Associação Comercial) junto com Hermógenes Lima e Luiz Palmier funda a 1º de janeiro de 1920 o Hospital de São Gonçalo, atual Luiz Palmier. Foi fundador em 1919 da Liga Esportiva Gonçalense, em 1923 do Grêmio Artístico e Literário Gonçalense, e em 1925 da Loja Maçônica Cruzeiro Fluminense. A União Agrícola Fluminense foi fundada também por ele, em 1928, bem como a União dos Proprietários, em 1929, e a Associação Gonçalense de Esportes Atléticos (AGEA), em 1931.
A Revolução de 1930 empastela “A Gazeta” e em 1931 cria um novo jornal, “O São Gonçalo”, a princípio semanário, depois bissemanário, tornando-se diário em 1958.
Fundador também do Tiro de Guerra  121, em 1934; do Centro de Puericultura (IGAMI), em 1939; do Instituto Fluminense de Cultura, em 1941; do Grêmio Dramático Gonçalense, em 1944; da Lira Gonçalense Santa Cecilia, em 1945; do jornal “A Folha de Itaboraí", em 1948; e em 1958, da União dos Proprietários de Imóveis de São Gonçalo.
Dotado de personalidade marcante, possuía a exata noção dos deveres a cumprir como cidadão. Via no jornalismo o veículo de informação, livre de quaisquer pressões e sempre pronto a fornecer a notícia sem parcialidade. Jamais se dobrou diante dos poderosos. Elogiou e atacou a todos que mereceram, não importando o credo, a cor ou o partido político. Não usou de suas vitórias para alcançar polpudos favores e cargos de governo. Manteve-se digno de sua profissão. Via Itaboraí e São Gonçalo com grande amor e acreditava ser função sua ajudar aos que necessitassem e tudo fazer pela comunidade. Toda a sua vida foi pontilhada de atos dessa natureza.
Em 1963, por ocasião de seu cinquentenário como jornalista, foi alvo de muitas homenagens que têm na inauguração de seu busto em praça pública um dos pontos mais expressivos. Para ele a oração proferida pelo Arcebispo Dom Antônio de Almeida Morais Júnior foi uma das grandes emoções: “Cérebro de Papel”, depois de explanar sobre a influência do papel na formação das gerações.
A respeito da profissão de jornalista, disse:
“Eu aconselharia que os jovens jornalistas fossem sobretudo sinceros, não levados pelo entusiasmo, mas pela vontade. Só a verdade é capaz de fazer um jornalista. Seus escritos devem ser positivos, inalteráveis, como um sol que ilumina cada fato em si. E a primeira atitude de um jornalista é ser verdadeiro”.
          Lembra-se de Platão, que disse: o Belo é o esplendor do verdadeiro. A segunda
        é ser ativo e perspicaz. Verdade, atividade e perspicácia.
Sobre os jovens, afirmou:
“A mocidade é a construtora do universo. Por sua coragem, reforma os costumes e revela a simplicidade que se deve adotar na vida. O homem inteligente tem que procura a crista da onda e, embora não aceite, deve apreciá-la.”
Para ele, muito embora a vida estivesse cheia de decepções, não gostava de contá-las: “Citá-las sempre me causa revolta.”
Jornalista dos mais brilhantes, em São Gonçalo identificou-se com a sociedade a quem bem serviu por mais de 50 anos, fundando instituições culturais, juntamente com outros gonçalenses de valor, nunca duvidando da terra que escolheu, constituindo família e envolvendo-se em altos acontecimentos que tanto proporcionaram e ainda refletem no progresso gonçalense.
Orador fluente, era sempre ouvido com satisfação por todos os presentes em solenidades, expressão de sua inteligência e cultura. O capitão Belarmino foi completo comemorações de cinquentenário: fez “Bodas de Ouro” de idade, casamento e jornalismo. Foi, realmente um espírito vivo e realizador.
Existe no Portão do Rosa, São Gonçalo, uma Escola Estadual com o seu nome. É patrono da biblioteca do Colégio Municipal Castelo Branco e da biblioteca do Colégio Califórnia.
Na AGLAC é patrono da cadeira número 17, cujo primeiro ocupante é o acadêmico César Augusto de Mattos.
 *(Salvador da Mata e Silva, "Gonçalenses Adotivos", 1996, p. 42-45 - Coleção IPDESG)

2 comentários:

  1. Belarmino foi realmente um homem admirável. Como profissional da Comunicação, sem dúvida marcou por seu dinamismo. Como patrono, deixou um legado inesquecível na história de São Gonçalo.

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  2. Belarmino foi realmente um homem admirável. Como profissional da Comunicação, sem dúvida marcou por seu dinamismo. Como patrono, deixou um legado inesquecível na história de São Gonçalo.

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